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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mensagem para quem vive o assédio moral, de dentro ou de fora



É realmente difícil encontrar palavras para definir ou traduzir o sentimento de quem vive o assédio moral. Digo isto com a autoridade de quem já esteve neste lugar e mais de uma vez. Não tenho porque negar ou esconder e não creio que isto possa desmerecer a mim ou a qualquer pessoa que passe ou tenha passado por esta dor dilacerante.

Nestes anos de carreira, quantos colegas dos RHs de várias empresas também já me confidenciaram, em sessões de coaching ou até de psicoterapia, viverem este mesmo drama e me perguntavam: a quem posso recorrer se o meu próprio gerente (do RH) me assedia? Já vi situações delicadíssimas envolvendo este tema! Felizmente, tenho uma boa notícia, que também trago com orgulho desta experiência terrível, que é a de sair pelas minhas próprias forças, com a ajuda de profissionais gabaritados, certamente, mas com o esforço pessoal para tomar decisões e atuar nos espaços em que mais ninguém poderia estar por mim.

Por isto, sei que é possível resolver este problema na vida. Não acredito que alguém tenha que se humilhar continuadamente, mergulhando cada vez mais profundamente rumo ao seu fundo de poço, exceto se escolher que assim o fará por uma estratégia de exceção muito bem calculada. Ou seja, até esta hipótese seria uma escolha consciente, o que já tiraria da situação o potencial de lesão que a vítima do assédio moral genuinamente vive; um sentimento de impotência arrasador diante da situação humilhante. Aqui não me refiro à vítima do ponto de vista jurídico e sim psicológico.

E como fazer para sair deste pesadelo? Posicionando-se de uma maneira bem diferente desta. Se o assediado não consegue isto sem ajuda, que o faça auxiliado, especialmente para que reencontre e mantenha firme a sua autoconfiança, seu pilar de sustentação que não pode faltar diante de desafio tão ousado que enfrenta. Paradoxalmente, o tamanho desta batalha parece exigir do assediado que esteja em forma para escalar uma montanha quando justamente parece estar quase sem forças para se levantar da cama pela manhã.

Por tudo o que já vivi e presenciei na vida, eu acredito no ser humano e acredito na magnífica inteligência da natureza ou de quem a fez, que não dá realmente desafios maiores do que podemos enfrentar. E se ao assediado é apresentado este, nesta fase da vida, para mim significa que ele é muito mais forte do que pensa e que é o momento de descobrir ou despertar este guerreiro pacífico.

Então, por isto é que eu vejo o assediado como detentor de uma força absurda! Esta é a sua luta a vencer e que logo no início, mostra-se como um duelo a travar com ele próprio, não com o assediador que está lá fora. Aí começa a superação do assédio moral. A partir daí e decidindo realmente que ficará ao seu lado, como amigo, cultivando o mérito do vencedor, é necessário fazer um plano de ação decisivo! Isto não quer dizer ser agressivo, com quem quer que seja; quer dizer usar o melhor do seu racional manter-se energizado e resoluto. Sim, porque o seu objetivo será o de sair definitivamente desta dor.

Não necessariamente sair do emprego ou da situação que gera o assédio, mas sair do lugar de vítima impotente, o que pode transformar absolutamente tudo. E aos profissionais do RH, geralmente tão dedicados ao bem-estar das pessoas, entendendo isto não como uma atitude romântica, mas absolutamente estratégica para a eficácia do negócio da empresa, cabe outro papel fundamental neste drama. Tenho visto que, justamente porque a situação pode envolver lideranças tão influentes, muitas vezes aqueles se calam ou se omitem, mesmo que esta omissão lhes doa no íntimo. Ficam em posições politicamente tão difíceis!

Já fui convidada algumas vezes para fazer palestras ou workshops sobre este tema em empresas e, ao conversar com a equipe do RH, percebo os receios e os incômodos em "mexer em tão grande vespeiro". Quando se trata daquele diretor comercial que, cá entre nós, é "FERA, ou O Cara que traz a grana"; ou do vice-presidente, ou do próprio presidente...  Algumas vezes constatei que simplesmente desistiram ou adiaram alguma ação.

O risco parece grande demais pra eles próprios. Novamente, cabe ao consultor apoiar cada um dos profissionais envolvidos a encontrar caminhos, fazer estratégias vencedoras porque definitivamente, o assédio moral está na contramão da história. Por vezes, um caminho de abordar a questão passa aparentemente longe do assédio, focando muito mais na importância dos relacionamentos saudáveis e nas formas de se obter isto. Outras vezes, é possível abordar os riscos dos relacionamentos de má qualidade e incluir um pouco do assédio. Enfim, não é necessário focar diretamente no assédio moral; os caminhos são vários.

Na minha percepção, a única decisão temerária parece-me ser a omissão total porque tenho plena confiança de que, nas relações organizacionais, o respeito se imporá de modo cada vez mais implacável.

Por Elizabeth Zamerul para o RH.com.br, em 21/08/2012.

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