A maioria das pessoas confunde trabalho com emprego. O conceito de emprego surgiu a partir do advento da Revolução Industrial, como substituição ao trabalho escravo na Idade Antiga, ou mais recentemente, na Idade Média, substituindo a relação senhor-servo. A servidão é diferente da escravidão, já que os servos eram ligeiramente mais livres que os escravos, pois podiam sair das terras do senhor desde que não tivessem dívidas para pagar. Nos dois casos existe uma premissa em comum que encontramos também na maioria das relações do emprego contemporâneo, o fato do "patrão" ser o responsável por decidir e determinar os rumos e o futuro do trabalhador acerca do trabalho e da sua evolução, situação esta que retira do trabalhador a condição de sujeito de sua própria história, tornando-o apenas mais uma peça em um jogo de tabuleiro.
Segundo Peter Drucker o trabalho é tão antigo quanto o próprio homem, pois está associado à condição humana de transformar a realidade ao seu redor através do uso da sua capacidade física e mental, portanto o trabalho independe de relações pré-estabelecidas e não sofre originalmente das distorções e perversões herdadas historicamente na formalização do emprego, já que o detentor do "poder" é o próprio trabalhador, cabendo a ele decidir e fazer valer a sua condição humana de co-criador e agente de transformação.
A partir desta distinção entre trabalho e emprego não queremos fazer apologias ao fim do emprego, mas possibilitar aos nossos leitores uma reflexão sobre a importância de cada um assumir a responsabilidade de sua carreira profissional e o impacto de suas escolhas no desenrolar de sua vida, quer seja você um operador de indústria, atendente de loja, gerente executivo, profissional liberal etc. Lembre-se, o importante não é o tipo de relação profissional que você tem, mas sim as escolhas feitas a partir das suas ações do dia a dia. Como diz um velho provérbio Chinês: "Você pode escolher o que plantar, mas será obrigado a colher aquilo que plantou".