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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Gargalos logísticos freiam o desenvolvimento do ES

Falta de planejamento e investimento ao longo dos anos pode acarretar um apagão logístico

Apesar de todas as potencialidades do Espírito Santo, há décadas elas são freadas em função dos inúmeros gargalos que atrasam seu desenvolvimento: rodovias sem conservação e ampliação, porto público sem estrutura para receber embarcações de grande porte, falta de retroáreas para atendimento às empresas que operam com cargas, aeroporto que há anos opera acima de sua capacidade e necessidade urgente de uma adequação do sistema ferroviário. Mais do que nunca, o Estado carece de investimentos urgentes para não correr o risco de sofrer um apagão logístico.

Reprodução TV Vitória

Empresários, dirigentes e especialistas garantem: o Espírito Santo tem muitos desafios pela frente. “Nosso frete é pouco competitivo, nossa malha ferroviária é insuficiente, apesar da melhoria na prestação de serviços notada a partir das concessões, as estatísticas mostram que nosso aeroporto é um dos mais inadequados do Brasil e sofremos, ainda, com a ausência de um porto de águas profundas e com as nossas rodovias. Tudo isso reduz nossa competitividade”, avaliou o presidente do Transcares (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística), José Antonio Fiorot, completando em seguida.

“A realização do leilão de concessão do trecho da BR-101 que corta nosso Estado já foi um importante passo que demos. Na verdade, o novo edital da concessão, cujas propostas foram diferentes das apresentadas anteriormente, atendeu melhor às nossas expectativas, necessidades e exigências”.

Reprodução

Presidente da Fetransportes, Luiz Wagner Chieppe observou que os investimentos para aprimorar a infraestrutura logística do Estado não foram planejados para acompanhar seu ritmo de crescimento. “As condições de logística de distribuição e o acesso aos portos dependem da integração de todos os modais. Mas, infelizmente, não temos boas condições de acesso nos ligando a outros estados, principalmente do Leste e Centro-Oeste, para quem deveríamos ser solução”.

Mas, segundo ele, essa falta de planejamento não é de hoje. Desde os anos 90, quando o Geipot, agência governamental ligada ao Ministério dos Transportes que tinha o objetivo de realizar estudos e levantamentos estratégicos do setor, foi extinto, que o Brasil como um todo deixou de planejar e desenvolver projetos estruturantes.

Os principais gargalos

Rodovias:
- A BR-101, que corta o Estado, é a principal ligação entre o Sul e o Nordeste e precisa ser duplicada. Para isso, é necessária a concessão, cujo leilão foi realizado nesta quarta-feira, 18 de janeiro, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

- A BR-262, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, também precisa ser duplicada.

Aeroporto:
- O Aeroporto Eurico Salles possui um terminal de cargas internacional com 3.019 metros quadrados, que recebe por semana apenas dois voos internacionais, que ligam Vitória a Miami (EUA). Existe um projeto de expansão que prevê aumento da área para 22 mil metros quadrados.

Divulgação

Porto de Vitória:
- O calado do porto - distância entre o fundo do navio e a lâmina d’água - deveria ser de 12,5 metros. Mas existem alguns trechos cuja profundidade é de apenas oito metros, o que prejudica a entrada de navios carregados com 100% da sua capacidade.

- Precisa de dragagem e derrocagem.

- O assoreamento já atinge os berços de atracação; há problemas de sinalização, que ameaça a segurança dos navios que entram no porto, principalmente à noite.

- Os acessos, tanto em Vitória quanto em Capuaba, Vila Velha, precisam de melhorias urgentes.

Superporto:
- Sem ele, o Porto de Vitória corre o risco de se tornar um terminal de cabotagem. Na prática, isso significa que as embarcações maiores vão atracar em um porto de águas profundas e redistribuir suas cargas para conteineiros menores. Isso tornaria o frete mais caro e poderia inviabilizar o embarque e desembarque por aqui.

Ferrovias:
- A malha ferroviária capixaba não está totalmente ligada à nacional. É necessária uma ligação ao Rio de Janeiro, no sentido Sul, e outra no sentido Nordeste.

- Um dos problemas é o tamanho nas bitolas (os separadores de trilhos), cujas medidas são de um metro aqui no Espírito Santo, diferente da medida nacional de 1,60m, para trens maiores e mais modernos. Para não correr o risco de ficar isolado do resto do Brasil, o Estado precisa acompanhar esse padrão.

Fonte: Folha Vitória, 20/01/2012.

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