Apesar de todas as potencialidades do Espírito Santo, há décadas elas são freadas em função dos inúmeros gargalos que atrasam seu desenvolvimento: rodovias sem conservação e ampliação, porto público sem estrutura para receber embarcações de grande porte, falta de retroáreas para atendimento às empresas que operam com cargas, aeroporto que há anos opera acima de sua capacidade e necessidade urgente de uma adequação do sistema ferroviário. Mais do que nunca, o Estado carece de investimentos urgentes para não correr o risco de sofrer um apagão logístico.
Empresários, dirigentes e especialistas garantem: o Espírito Santo tem muitos desafios pela frente. “Nosso frete é pouco competitivo, nossa malha ferroviária é insuficiente, apesar da melhoria na prestação de serviços notada a partir das concessões, as estatísticas mostram que nosso aeroporto é um dos mais inadequados do Brasil e sofremos, ainda, com a ausência de um porto de águas profundas e com as nossas rodovias. Tudo isso reduz nossa competitividade”, avaliou o presidente do Transcares (Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística), José Antonio Fiorot, completando em seguida.
“A realização do leilão de concessão do trecho da BR-101 que corta nosso Estado já foi um importante passo que demos. Na verdade, o novo edital da concessão, cujas propostas foram diferentes das apresentadas anteriormente, atendeu melhor às nossas expectativas, necessidades e exigências”.
Presidente da Fetransportes, Luiz Wagner Chieppe observou que os investimentos para aprimorar a infraestrutura logística do Estado não foram planejados para acompanhar seu ritmo de crescimento. “As condições de logística de distribuição e o acesso aos portos dependem da integração de todos os modais. Mas, infelizmente, não temos boas condições de acesso nos ligando a outros estados, principalmente do Leste e Centro-Oeste, para quem deveríamos ser solução”.
Mas, segundo ele, essa falta de planejamento não é de hoje. Desde os anos 90, quando o Geipot, agência governamental ligada ao Ministério dos Transportes que tinha o objetivo de realizar estudos e levantamentos estratégicos do setor, foi extinto, que o Brasil como um todo deixou de planejar e desenvolver projetos estruturantes.
Os principais gargalos
Rodovias:
- A BR-101, que corta o Estado, é a principal ligação entre o Sul e o Nordeste e precisa ser duplicada. Para isso, é necessária a concessão, cujo leilão foi realizado nesta quarta-feira, 18 de janeiro, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
- A BR-262, que liga o Espírito Santo a Minas Gerais, também precisa ser duplicada.
Aeroporto:
- O Aeroporto Eurico Salles possui um terminal de cargas internacional com 3.019 metros quadrados, que recebe por semana apenas dois voos internacionais, que ligam Vitória a Miami (EUA). Existe um projeto de expansão que prevê aumento da área para 22 mil metros quadrados.
Porto de Vitória:
- O calado do porto - distância entre o fundo do navio e a lâmina d’água - deveria ser de 12,5 metros. Mas existem alguns trechos cuja profundidade é de apenas oito metros, o que prejudica a entrada de navios carregados com 100% da sua capacidade.
- Precisa de dragagem e derrocagem.
- O assoreamento já atinge os berços de atracação; há problemas de sinalização, que ameaça a segurança dos navios que entram no porto, principalmente à noite.
- Os acessos, tanto em Vitória quanto em Capuaba, Vila Velha, precisam de melhorias urgentes.
Superporto:
- Sem ele, o Porto de Vitória corre o risco de se tornar um terminal de cabotagem. Na prática, isso significa que as embarcações maiores vão atracar em um porto de águas profundas e redistribuir suas cargas para conteineiros menores. Isso tornaria o frete mais caro e poderia inviabilizar o embarque e desembarque por aqui.
Ferrovias:
- A malha ferroviária capixaba não está totalmente ligada à nacional. É necessária uma ligação ao Rio de Janeiro, no sentido Sul, e outra no sentido Nordeste.
- Um dos problemas é o tamanho nas bitolas (os separadores de trilhos), cujas medidas são de um metro aqui no Espírito Santo, diferente da medida nacional de 1,60m, para trens maiores e mais modernos. Para não correr o risco de ficar isolado do resto do Brasil, o Estado precisa acompanhar esse padrão.
Fonte: Folha Vitória, 20/01/2012.
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